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Tecnoautoritarismo é o nome que usamos para explicar os processos de expansão do poder estatal que usam a tecnologia para aumentar o controle sobre a população. Práticas tecnoautoritárias representam um enorme risco nesse momento em que vemos ataques à democracia em todo o mundo. Elas permitem o aumento da vigilância, da repressão e muitas possibilidades de violações de direitos. É nosso big brother diário, urgente e muito perigoso.
Esse é um assunto sério, especialmente no Brasil. Infelizmente, apesar da importância do tema em um momento em que o presidente não faz questão de omitir seu apreço por ditaduras, ainda é muito pequeno na mídia o espaço dedicado aos perigos relacionados à tecnologia e a práticas de vigilância.
Não é o caso, claro, do Intercept. Nós temos jornalistas que se dedicam especificamente a esse tema e nossa cobertura nessa área é ampla e consistente. Apenas para ficar nos exemplos mais recentes: mostramos para o público como funciona o supersistema de vigilância do Ministério da Justiça, o Córtex; revelamos a megabase de dados criada do dia para noite e que permite ao governo juntar dados biométricos com tudo o que sabe sobre você; denunciamos o intercâmbio de informações de carteiras de habilitação com uma agência governamental de espionagem.
Esse tipo de trabalho é complicado de fazer porque envolve mexer com o interesse de empresas de tecnologia, bater de frente com governos e revelar informações sigilosas. Além disso, é preciso cultivar fontes com muito cuidado — para protegê-las e realmente conseguir acessar as denúncias que importam. É por isso que você não encontra tanta reportagem como as nossas por aí.
Estou te escrevendo hoje porque acredito que este dia 9 de fevereiro é uma boa oportunidade para tratarmos desse assunto já que é celebrado o Dia da Internacional da Internet Segura. Trata-se de uma iniciativa global voltada para atividades que promovam um uso seguro, ético e responsável da tecnologia. Segurança, ética e responsabilidade, tudo que o tecnoautoritarismo não representa.
Quero te convidar a conhecer nosso trabalho nessa área, a espalhar o que já produzimos e também te contar que o Intercept não vai parar de investigar como as tecnologias são colocadas a serviço do controle e da opressão. É por isso que queremos mais jornalistas nessa trincheira conosco e lançamos um programa de bolsas para reportagens sobre tecnoautoritarismo. O link está ali embaixo e lá no nosso site você encontra todas as informações.
Essa ação, como todas as iniciativas do Intercept, só é possível porque temos ao nosso lado milhares de apoiadores que bancam tudo que fazemos. O Intercept tem liberdade para investigar, denunciar e dar nome aos bois. Mas tem também a missão de fazer um jornalismo cada vez mais transparente, aberto à participação do seu público, acessível a todos e engajado. Este é nosso segundo programa de bolsas de 2021 e ainda estamos em fevereiro! É por isso que não cansamos de dizer: somos a comunidade mais incrível e transformadora do jornalismo brasileiro.