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Longa mostra americana que é contaminada por um vírus na China, e espalha a doença pelo mundo. Confira outros semelhanças de ‘Contágio’ com a realidade
Quase uma década depois de estrear nos cinemas, o filme Contágio voltou a ser um dos mais comentados do momento. A popularidade do longa de 2011 se deve ao surto de coronavírus: no filme, assim como na vida real, uma pandemia iniciada na China se espalha pelo mundo todo.
Dirigido por Steven Soderbergh, Contágio mostra uma americana, que, ao voltar da China para os Estados Unidos, desenvolve sintomas que parecem uma gripe, mas que evoluem até ela ser internada. Eventualmente, pessoas do mundo inteiro adoecem.
As semelhanças do filme com a realidade são várias. Além de a pandemia também ter se iniciado na Ásia, em Contágio, as pessoas são infectadas pelo vírus a partir do toque com qualquer objeto ou pessoa já infectada. O coronavírus é transmitido por gotículas de saliva e as pessoas podem se contaminar conversando muito perto ou tocando em objetos que têm o vírus e levando a pele à boca ou ao nariz.
No filme, pesquisadores conseguem criar uma vacina para combater o vírus. Enquanto isso, os trabalhos na vida real seguem em andamento para que a cura também seja criada. O longa também mostra que o investimento em tecnologia é a melhor forma de prevenção de pandemias.
Na cena final do filme, vemos que a epidemia começou com o desmatamento em uma floresta chinesa, que levou morcegos a conviverem com porcos, posteriormente levados para consumo humano.
A primeira pessoa é infectada com o vírus ao apertar a mão de um chef de cozinha que preparou um porco que tinha sido mordido por um morcego infectado. Um simples aperto de mão, nada distante da realidade.
No lançamento de Contágio, o epidemiologista Ian Lipkin explicou que os vírus tendem a passar de morcegos e porcos para humanos por serem animais de temperatura corporal semelhante.
“Os surtos de vírus como o coronavírus são uma ameaça crescente. Isso se deve ao aumento do comércio e viagens internacionais, urbanização, perda de habitats da fauna silvestre e investimento inadequado em infraestrutura para vigilância sanitária, produção e distribuição de vacinas”, afirmou Lipkin.
A origem do coronavírus, embora haja suspeitas, não está confirmada. Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que é provável que o novo coronavírus venha de morcegos.
Scott Z. Burns, roteirista de Contágio, afirmou em entrevista para a revista Variety, que ideia era fazer um filme-desastre realista. Para isso ele pesquisou sobre pandemias ao longo de três anos, e contou com a consultoria de um professor de epidemiologia.
Burns também criticou os cortes de verba de preparo para epidemias realizados pelo governo de Donald Trump. “Eu não imaginei viver em um governo onde cortamos a verba da saúde pública, da preparação contra pandemias e da ciência. Essa administração decidiu fazer isso coloca todos nós em risco”.
O roteirista de Contágio ainda criticou o discurso apaziguador de alguns governantes, que tentam minimizar o perigo do coronavírus. “Temos membros do governo dizendo que isso não é uma coisa tão ruim. Mesmo que você diga que a taxa de mortalidade é em torno de 1%, se 10 milhões de pessoas ficarem doentes, são muitas que vão morrer”.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro criticou governadores com o que chamou de “doses excessivas” de proteção contra coronavírus. Bolsonaro ainda classificou as ações de quarentena como “politicagem” e afirmou que “não haverá colapso na saúde”.
Enfim, Contágio consegue ser um filme de terror que assusta sem usar um assassino mascarado, um assombração ou outros clichês do gênero. O longa apresenta um terror da vida real em que o maior “pesadelo” é a pessoa sentada ao seu lado, o caos em que o mundo se transforma e claro, a própria humanidade.