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Karol Conká pode perder até R$ 5 milhões com polêmica no “Big Brother Brasil”

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Foram apenas dez dias de programa, mas a 21ª edição do “Big Brother Brasil” já teve polêmicas e brigas suficientes para meses. O reality, ansiosamente aguardado por grande parte do público da Globo por conta do sucesso do “BBB 20” –que rendeu fama e boas críticas a nomes como a Under 30 2020 Manu Gavassi–, contabiliza artistas perdendo dinheiro e até ações na justiça. No olho do furacão: a rapper Karol Conká. Como consequência a atitudes consideradas equivocadas pela audiência, ela corre o risco de perder até R$ 5 milhões em faturamento com shows e contratos de programas que acabaram cancelados.

© Mauricio Santana Karol já perdeu cerca de 300 mil seguidores no Instagram e hashtags contra sua participação subiram no trending topics do Twitter

Segundo o levantamento feito a pedido da Forbes pela BRUNCH, agência full service que gerencia a carreira de influenciadores digitais como MariMoon, Nath Finanças, Blogueira de Baixa Renda e Dora Figueiredo, as perdas relacionadas a publicidade no Instagram, shows e programas de TV podem chegar a R$ 5 milhões, considerando que a cantora leve cerca de seis meses para se recuperar da crise de imagem.

A metodologia da agência para analisar o preço da publicidade nas redes sociais considerou custos de produção de conteúdo, uso de imagem e postagem no perfil do artista. De acordo com as contas, duas postagens patrocinadas em feed, que a cantora costumava fazer em média por mês, geravam cerca de R$ 48 mil. Além disso, em cada show, Karol faturava R$ 150 mil. Projetando quatro apresentações mensais, os ganhos dela envolvendo redes sociais e aparições devem girar em torno de R$ 648 mil.

“Se ela estava planejando usar o ‘BBB’ como forma de impulsionar seus shows e contratos publicitários, é importante salientar que, ao sair da casa com a reputação tão prejudicada e com shows já cancelados, ela ainda deve levar tempo para recuperar este ritmo de trabalho e não retomará aos ganhos que tinha antes do programa”, explica Ana Paula Passarelli, cofundadora da BRUNCH.

Até o momento, ela perdeu um programa em canal pago e um show online. O canal GNT informou, em nota ontem (2), que o programa “Prazer Feminino”, programado para fevereiro, teve estreia adiada na TV. A atração conta com apresentação da cantora e Marcela McGown (participante do “BBB 20”) e continuará disponível apenas no YouTube da GNT, onde foi lançado em outubro. Além disso, a produção do Rec-beat, um festival musical online do Nordeste, afirmou que não irá exibir o show pré-gravado de Conká na edição deste ano por conta dos últimos acontecimentos.

O problema começou quando o ator Lucas Penteado incomodou os integrantes do reality show durante duas das primeiras festas do reality, na última semana. A cantora decidiu responder ao ocorrido com críticas e reprimendas ao participante, mas o peso de suas atitudes acabaram não agradando grande parte do público. Postagens no Twitter chegaram a pedir a expulsão da rapper por tortura psicológica. Ela também foi criticada por satirizar o sotaque paraibano da participante Juliette Freire.

Na casa, ela parece ainda acreditar que os espectadores estejam gostando de seu posicionamento, mas Karol já perdeu cerca de 300 mil seguidores no Instagram. Hashtags contra sua participação, como #Kobra e #KarolConkaExpulsa, subiram no trending topics do Twitter, e artistas como Emicida e Anitta se posicionaram contra as atitudes da cantora.

Procurada, a assessoria de imprensa da cantora preferiu não participar desta reportagem. Karol Conká compôs a lista Under 30 da Forbes em 2017.

Lucas Penteado X Karol Conká

No início do programa, os participantes definiram que o tema do “BBB 21” seria “cancelando o cancelamento”. Eles disseram que, ao cometerem um erro, famosos eram julgados por um júri de pessoas comuns e recebiam boicotes nas redes sociais, com exposição de publicações antigas, perdas de patrocinadores, redução no número de seguidores, além de diversos comentários com discurso de ódio. Afirmaram, então, que qualquer um na casa teria o direito de falhar e aprender com o erro.

Na primeira festa, na última quarta-feira (27), uma interação entre Lucas Penteado e Kerline (primeira eliminada do programa) acabou deixando ofendidos. O assunto foi retomado na segunda comemoração do reality, na sexta (30). Na ocasião, Lucas, além de incomodar Kerline novamente, entrou em atrito com basicamente todos os outros participantes, principalmente a influencer Camilla de Lucas. No fim do evento, em que ele chegou a ameaçar deixar o programa, as “sisters” se juntaram e o acusaram de acuá-las e oprimi-las.

Desde então, Karol Conká tem sido uma espécie de porta-voz contra o ator de 24 anos. Mas em uma reviravolta, o vilão acabou acolhido pela audiência, que passou a ver as críticas de Karol como violência psicológica. Karol chegou a dizer a Lucas frases como “Eu não quero que você fale enquanto eu estiver comendo, se você não sabe calar a boca é melhor sair” e “Ele (Pentado) precisa perder dinheiro e ser cancelado. Se o Brasil pensa que eu estou errada, eu não devia nem estar nesse país”.

De acordo com a assessoria de imprensa de Lucas Penteado, um processo para responsabilizar Karol por “danos oriundos dos atos de ilicitudes praticados pela cantora” foi protocolado pelos advogados do ator.

Cultura do cancelamento

O movimento comum nas mídias sociais, que visa expor posicionamentos considerados equivocados pelos internautas de figuras públicas, ganhou mais força desde que a pandemia de Covid-19 começou. Plataformas como Instagram e Twitter ganharam força nesse processo, em que os usuários delegam quais comportamentos devem ser exaltados ou não. No período, artistas e influencers que não seguiram as recomendações de isolamento social sofreram as consequências no tribunal da internet.

Caso não concordem com as ações da celebridade, os seguidores conhecem a força que possuem nas redes e cobram posicionamentos não somente de quem cometeu o erro, mas também de empresas que patrocinam essa pessoa. Logo, as consequências financeiras se tornam visíveis.

Em maio de 2020, por exemplo, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi postou uma sequência de stories mostrando uma festa que organizou em sua casa. As imagens bombaram e, em poucas horas, geraram revolta nos usuários. Na época, a estimativa era de que o prejuízo poderia chegar a até R$ 3 milhões com perdas de patrocínio. Depois disso, Gabriela desativou o perfil no Instagram e só voltou a aparecer recentemente.

No “BBB”, os integrantes da casa não conseguem imaginar as dimensões de seus posicionamentos fora do reality. Ontem, porém, Karol pediu desculpas a Lucas por ter se exaltado. Mesmo com uma aparente conciliação dos participantes após quase uma semana de brigas, as críticas direcionadas à cantora e as consequências de suas atitudes parecem estar longe do fim.

 

TEXTO: Artur Nicoceli e Beatriz Mirelle

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